Aikido Infantil

Índice

Crianças Demonstrando a Concentração e o Seu Ki

É difícil conseguir colocar crianças dos 6 aos 10 anos de idade em concentração. David à esquerda com 10 e Ana com 9.

Sensei OM decidiu dedicar seu tempo ao estudo da concentração, do Ki para crianças e ao fim de alguns anos eis o sucesso.

Quando devem parar ou desistir…?

Esta é sem dúvida, uma questão deveras pertinente. Os Encarregados de Educação têm um desejo sadio de proporcionar o melhor aos seus filhos e muitas das vezes nem olham aos valores monetários envolvidos no processo.

A criança tem geralmente na época atual a oportunidade de escolher entre o que mais lhe agrada possuir ou fazer se não que não faz e isto aplica-se também às atividades desportivas.

Quando é que uma criança deve parar de praticar desporto? Os pais sabem que uma atividade desportiva é essencial não só à criança como a qualquer outra pessoa (grande número de adultos só começam a ir aos Ginásios depois de adoecerem e o médico aconselhar vivamente a o fazer.), compete aos adultos determinar o que é bom para os seus filhos e manter a sua decisão inalterável com firmeza própria dum líder.

Conheci casos de crianças que mudaram de atividade desportiva mais vezes num ano que eu em toda a minha vida. Porquê?

Porque aprenderam que podem ser instáveis e exigir com sucesso (não lhes dizem não) junto dos seus progenitores, os quais acabam por não saber o que fazer, porque a criança não gosta de nada?!.

“É melhor não comprar o fato (Aikidogui) ainda este mês, porque pode não gostar do Aikido, assim como deixou de gostar deste ou daquele desporto.”

Este tipo de conversa é matéria corrente nos Dojo ou Ginásios, os pais preocupados com o que as crianças gostam ou não gostam, sem saberem como procederem.

É preciso ser-se firme e estabelecer acordos com as crianças de natureza mais instável, dizendo-lhes sem hesitações que no mínimo é para cumprir até ao fim do ano ou até qualquer outra data que entenda válida.

Todo e qualquer desporto é importante praticar, os pais têm que decidir quais os objetivos a atingir, se querem que a criança seja um profissional em determinado desporto, um campeão que ganhe medalhas ou se o objetivo é aumentar ou melhorar as capacidades psicomotoras dos seus filhos entre outros fatores de maior ou menor importância física e/ou social.

Se a criança tem especiais características para um determinado desporto de competição, seja qual for o desporto repito, então os Encarregados de Educação devem providenciar todos os meios para a criança evoluir, de modo a atingir níveis elevados de rendimento, procurando profissionais na área do desenvolvimento desportivo de alta competição.

Não se pode ignorar que o desenvolvimento intenso para obter níveis excecionais na alta competição não é saudável para o corpo duma criança em crescimento e que nem todos os corpos têm condições naturais para serem sujeitos a exercícios de elevado grau de esforço.

Como é que os pais sabem que os filhos têm características especiais para um determinado desporto? Observando a criança desde muito nova, nos primeiros anos de idade as crianças mostram naturalmente as suas habilidades natas.

Sem que seja uma habilidade nata, qualquer criança desenvolve-se naturalmente bem em qualquer desporto, pode levar mais ou menos tempo, certamente será um atleta regular, mas, será um grande atleta porque dedicou todo o seu tempo e vontade ao aperfeiçoamento técnico e tático da modalidade eleita.

Agora a questão; porquê parar ou desistir? As razões para parar de praticar ou desistir são muitas e quase sempre pouco justificadas.

A criança independentemente da sua idade, tem caprichos e muitas vezes “testam” os Encarregados de Educação nos seus domínios mais íntimos, os adultos não percebem esses detalhes inteligentes da natureza infantil e são levados a proceder de acordo com os interesses da criança, indo até muitas vezes, contra os interesses da estabilidade económica da família.

Todos gostamos de um pouco de mudança de uma alteração aqui ou acolá, a criança não foge a essa tendência e como tal, também quer experimentar outras coisas.

No Aikido as crianças querem parar ou desistir porque o colega favorito para treinar começou a abusar da amizade, porque não consegue pôr em prática os exercícios com a facilidade com que os outros o fazem, é lento não entende o que lhe pedem, sentiu dor num qualquer exercício ou técnica e tem medo de voltar a sentir esse mal-estar, etc., .

Mudarem de cinto por exame.

Há ainda um período em que algumas crianças exigem ou pedem para desistir (Nem sequer é parar por uns tempos.), é o período dos exames em que começam a treinar e a fazerem testes para avaliarem como estão preparados para o exame de mudança de cinto. Nessa altura é comum não voltarem mais e inventam de tudo junto dos Pais para abandonarem a prática.

Porque a carga psicológica do exame de Aikido começa a fazer-se sentir no equilíbrio da sua estrutura psicológica, então escolhem o caminho mais fácil, que é desistir ou fugir. Essa “carga” psicológica não é nada de especial nem tão pouco prejudica seja o que for, no Ser humano. Chama-se a essa carga psicológica “peso da responsabilidade”.

Alguns encarregados de educação sabiamente ainda pedem explicações ao Sensei, eles não entendem o porquê daquela súbita mudança, antes adoravam não falavam de outra coisa lá em casa que não fosse do Mestre ou do Aikido e de repente já não querem ir mais.

Ninguém é obrigado mudar de cinto nem a fazer exames, é sempre dito a todos os praticantes.

Já houve casos de crianças que para desistirem, inventaram desculpas tão graves que os encarregados de educação estavam na disposição de irem para a polícia com o Prof./Sensei, não fosse a Diretora Pedagógica do Colégio aconselhar antes de assim procederem, a falarem primeiro com o Prof./Sensei.

Desistir é grave, não devemos permitir que a criança “fuja”, se o permitirmos, a criança irá optar mais tarde por essa solução durante a fase escolar em que se sentir sob pressão nos testes.

Quem lida diariamente com crianças tem que ter muito cuidado e estar sempre prevenido, ter sempre um registo de quem estava presente na classe naquele dia ou naquela hora, caso seja preciso testemunhas ou provas abonatórias.

A televisão ensina o bom e o mau a toda a hora e as crianças atualmente ficam muitas horas frente aos televisores que de repente param os desenhos animados ou programas infantis e introduzem anúncios de filmes ou outras situações de extrema violência física ou moral, os quais os encarregados de educação não podem prever ou evitar.

Conclusão, não há razões de qualquer ordem, para que os encarregados de educação mudem as suas ideias, quanto ao que pensam que é o melhor para as suas crianças.

O adulto sabe o que é melhor e bom para a sua criança e se tiver dúvidas, deve procurar aconselhar-se junto dos profissionais do desporto.

Uma Arte como o Aikido não é para gostar ou deixar de gostar! É uma necessidade de aprendizagem da Defesa Pessoal.

Quem estuda, quem precisa usar a concentração a todo o momento, precisa do Aikido mais que qualquer outra pessoa.

Porquê?

Porque ensina técnicas de concentração, meditação e pratica essas técnicas em todas as aulas.

O que aprendem no Aikido…?

O que aprendem no Aikido ou o que não aprendem nesta arte?! Tanto um como o outro tópico é de grande importância para os educadores.

As crianças quando chegam ao Dojo começam por receber as primeiras instruções de como devem proceder quando entram e saem do Tapete (Tatami), essas instruções são ministradas pelo Prof./Sensei de uma forma simples e direta. A seguir a criança é convidada a sentar-se, imitando os outros praticantes quanto possível, após a saudação o iniciado aguarda no seu lugar pelas próximas instruções, normalmente uma criança tenta imitar os outros praticantes e algumas vezes para surpresa do Sensei a criança consegue executar alguns dos exercícios de aquecimento muscular, sem nunca lhe ter sido ensinado.

O Sensei observa o iniciado e se verificar alguma aproximação com qualquer das crianças no Dojo, de imediato encarrega essa criança de mostrar ao seu amigo, como fazer para se sentar sobre os calcanhares (seiza) ou sobre o traseiro de pernas cruzadas (agura) ou ainda como executar os andamentos sobre os joelhos e as quedas(ukemi) para a frente e para trás.
Se o Sensei observar que o iniciado é excessivamente tímido e está retraído não conhece ninguém, então terá que pedir a um dos mais graduados e mais velhos no Dojo que proceda à iniciação do novo praticante o qual irá manter o contacto com esse mesmo iniciado durante algumas aulas até o ver sentir-se incluso no grupo.
Quando o Sensei verifica que o iniciado já se desprendeu, que já perdeu a timidez então deixa-o livre para escolher com quem treinar procurando comunicar diretamente com esse iniciado, dando-lhe instruções diretas tanto quanto possível, durante os momentos em que está a treinar com outro praticante.

A criança no Aikido tem vários estágios de desenvolvimento na sua formação, técnica, social, psíquica e espiritual. Parece que são muitos os estágios de desenvolvimento, no entanto é a realidade desta Arte.

A sua formação técnica é a prioridade principal do Sensei, nada mais se pode aplicar a um iniciado que não seja a técnica de autodefesa da Arte Aikido, é por esse motivo que a grande maioria dos praticantes vai praticar o Aikido.
As técnicas mostram-se excitantes, o iniciado reclama por outras e depois de fazer a prática da técnica, algumas vezes, quer que lhe ensinem outras, pelo que se dirige ao Sensei dizendo-lhe que já fez quatro vezes ou mais. Normalmente quando o Sensei é interpelado pelo iniciado procede à primeira lição de natureza social.
O praticante fica a saber que nunca se deve dirigir ao seu professor, abandonando a sua posição no Tatami, que deve aguardar pacientemente que o Sensei passe junto a ele.
As técnicas são essenciais para conquistar o interesse do praticante, aos poucos o praticante é conduzido para outras técnicas do Aikido que nada têm a ver com autodefesa, técnicas que estimulam a viver em harmonia e em paz com tudo e com todos, entre muitas outras.

A criança aprende que quando fala por falar na presença de um educador, não está a aprender, que a sua mente só tem um canal para a informação e quando a sua mente está ocupada em falar não pode estar ocupada em receber informação a ouvir e assim aprender.
A criança compreende que deve estar em silêncio e que só deverá falar quando for um assunto de interesse para a classe. O silêncio durante o treino passa a ser um ato de extrema importância para todos os praticantes.
Em Portugal as crianças portuguesas comparativamente ao Japão falam demasiado umas com as outras ignorando o professor durante as sessões de ensino. Os Professores perdem muito tempo a mandar calar e a pedir silêncio para puderem apresentar a matéria de estudo.
No Japão as crianças só falam sobre os assuntos da escola quando se encontram na frente dos seus Professores e pedem-lhes sempre autorização para questionar o professor. Quando soa o toque da campainha para sairem da sala de aula, levantam-se, cumprimentam o Professor ao passar por ele, agradecendo com um curvar de cabeça e saem sem correrias e em silêncio.
É admirável, o Professor coloca-se de pé no estrado que está frente ao quadro e vai cumprimentando com um ligeiro curvar de cabeça todos os seus alunos. No corredor à entrada da sala de aula aguardam em fila que chegue o professor e depois de o professor dar ordem para entrarem fazem-no ordeiramente sem atropelos e saudando o professor.

O Sensei tem uma tarefa árdua no início duma criança que chega ao Dojo e que nada sabe sobre a Arte e a sua disciplina, geralmente vem perturbar o ambiente instalado. Essa criança quer falar a todo o momento com os praticantes que estão ao seu redor, o Sensei muitas vezes é obrigado a colocar o iniciado sentado a um canto do Tatami, dizendo-lhe que voltará ao convívio com os outros quando estiver mais calmo e não falar tanto.
Passados poucos minutos de ter sido colocado em atenção, o iniciado já está a pedir para regressar do “castigo” infligido, normalmente o Sensei não aceitará o pedido. O Sensei/Professor, não deve nem pode agir a pedido do praticante, esse é um grande erro na arte de ensinar. Se o Mestre aceitar o pedido do fim do “castigo”, o iniciado ficará com a ideia que pode mudar as decisões do Professor/Mestre a qualquer momento e que poderá continuar com as suas atitudes negativas, desrespeitadoras.
O líder nunca deverá perder a liderança, para continuar a liderar em paz e com controlo, deste modo o líder forma socialmente e tecnicamente aqueles a quem transmite os seus conhecimentos.
O respeito mútuo é a base de qualquer relação humana e a criança irá aprender a respeitar as decisões que lhe forem sendo apresentadas sem protestar ou reclamar sobre que assunto for.
A criança pouco a pouco torna-se disciplinada, respeitadora e cumpridora dos seus deveres, verificando-se deste modo a sua perfeita integração social no seio do grupo.

A formação Psíquica da criança é infinita, quer isto dizer que a nossa formação psíquica nunca tem fim, estamos sempre em novos estágios de formação e nunca o equilíbrio total ou a totalidade das nossas capacidades é obtida durante a nossa existência.
A criança tem grandes oscilações na sua estrutura psíquica (assim como os adultos), algumas das crianças são tão frágeis que tudo receiam ao seu redor, são inseguros perante tudo e todos e em especial perante estranhos, qualquer gesto é uma potencial ameaça à sua segurança.
O Sensei demonstra os seus conhecimentos, demonstra como se defender, o Sensei transforma-se aos olhos da criança, adquirindo a sua admiração e a sua respeitosa atenção.
O Sensei começa a ser considerado como Guerreiro Samurai dos filmes ou dos desenhos animados, é quase como um “herói” do cinema.
Quando o Sensei começa a ser admirado, o Sensei sabe que pode começar a fortalecer a estrutura psicológica dos seus alunos, o Sensei sabe que o que disser ou que fizer será aceite como certo, então nesse momento o Sensei afirma à criança olhando olhos nos olhos, que ela é forte que nada deve recear que quanto mais aprender mais seguro e confiante será no futuro.
Com base no desenvolvimento dos conhecimentos sobre a sua proteção, a criança torna-se mais forte psicologicamente, deixa de chorar e fechar os olhos face a qualquer atitude ou gesto agressivo das outras crianças e esse é o primeiro sinal de sucesso do trabalho do Sensei.

O estágio Espiritual. Neste estágio, que também é infinito, a criança é estimulada através de técnicas de concentração e meditação a voltar-se para dentro de si.
A criança começa a descobrir como é belo e maravilhoso o seu interior, como a paz que encontra é deliciosamente agradável de sentir. Criança de 9 anos de idade e 4 anos de prática.
Muitas das crianças perguntam sobre o espírito, o que é para que serve e se todos temos um espírito, etc.
Falar sobre o espírito é bastante complexo mesmo complicado, depende da formação religiosa de cada um, o modo como vê e sente o significado Espírito, no entanto no Aikido o Sensei fala do espírito independentemente de qualquer corrente religiosa.
O Sensei não pode nem deve interferir na formação religiosa de qualquer dos praticantes, o Sensei tem que respeitar as outras opiniões ou pontos de vista religiosa.
A criança é ensinada a contar com o seu próprio espírito, ela aprende que quando está a viver um conflito de qualquer ordem ou natureza deve procurar pela solução dentro de si. Aprende que deve ouvir os conselhos dos Encarregados de Educação e procurar ajuda nos adultos em quem confia.
A criança aprende que mesmo quando os pais não estão presentes ela não está só, que pode contar com o seu interior, no seu interior há sempre uma solução para qualquer problema, que nada a deve aterrorizar ou descontrolar deve acreditar nas suas próprias capacidades.

O que as crianças não aprendem.
As crianças não aprendem a bater nos outros só porque o fazem nos desportos de combate com competição e todos aplaudem e até lhes dão medalha, título ou troféu. Agredir é uma ação grave e punida judicialmente com multa e prisão. Existem leis que punem severamente os agressores e a criança na sua inocência não consegue controlar e manter as diferenças de comportamento dum ringue de combate para a vida social diária. Por isso um desporto de combate é muito mau e desaconselhado às crianças.
Porque são estimuladas a agredir forte e sem piedade para vencer no ringue de combate, a sua estrutura psicológica não sofre qualquer alteração quando é molestada fora daquele ambiente de competição e batem na outra criança como se estivessem para ganhar uma taça ou medalha.

O ser humano na luta pela vitória de uma taça ou medalha ou até de um titulo, não reconhece amigos ou familiares nesse confronto.

Porque a competição deturpa a formação positiva pacífica do ser humano, (e não é só nos desportos de combate) o Aikido que não é considerado um desporto de combate, não tem competição. É uma Arte Marcial moderna desenvolvida sobre padrões diferentes de outras Artes Marciais, tendo como “utopia ou sonho” contribuir para um mundo em paz, um mundo onde os seres humanos aprendam a viver consigo próprios e com os outros em harmonia e paz.

Os métodos de treino do aikido são tão singulares, que não admira observar a alteração de comportamento agressivo para não agressivo entre as crianças.

Passados alguns meses desaparece a vontade de atacar de agredir por terem desenvolvido uma inibição natural à agressão porque quem ataca no Aikido é sempre quem sente depois o efeito da técnica de controlo de quem se defende e acaba sendo dominado.

Se todos os seres humanos se recusassem a atacar, a agredir, que maravilha de mundo teríamos.

AIKIDO = Ai: Harmonia. – Ki: Energia vital. – Do: O caminho, a via.

Qual a idade para começar a praticar…?

Qualquer idade é boa para começar, podem começar aos quatro anos de idade, no entanto nestas idades as crianças devem estar no mesmo grupo com as crianças dos cinco anos de idade numa classe de Aikido só destas idades.

Diz o Sensei (Mestre) Orlando Marques: – Com mais de quarenta anos a ensinar Aikido e depois de várias experiências pedagógicas, a minha conclusão é a de que as crianças têm uma melhor reação ao treino quando inseridas no mesmo grupo etário, como por exemplo 4 e 5 e 6 a 12.

Os métodos usados no treino também são diferentes, a exigência disciplinar é colocada de outro modo, as situações de controlo do comportamento são muitas vezes negociadas e não exigidas.

As Técnicas de Aikido são das mais simples, nunca com mais de três movimentos e o Mestre tem que estar preparado para ser abraçado, acarinhado a qualquer momento por qualquer criança.

Ao fim de alguns meses as crianças já estão ambientadas às novas regras, permanecem no tapete sem o menor esforço por parte do Sensei, sabem (melhor que muitos adultos) os nomes das técnicas e a saudação em Japonês, etc.

As crianças com mais de seis anos de idade já reagem muito melhor ao convívio com os mais velhos na prática do Aikido, havendo ainda alguns casos que negam a sua participação, recusando simplesmente entrar no Dojo.

Os que entram no Dojo (Tapete onde se pratica) podem ter recusas posteriores, dependendo da experiência obtida nos primeiros contactos.

Nos casos em que a criança recusa entrar ou voltar a entrar no Tapete, os pais devem ser pacientes e levá-los mais vezes ao local até que os sintam confiantes. Recordo que sucede o mesmo com muitos dos adultos, por ser a primeira vez sentem-se pouco confortáveis. Geralmente entram para os treinos de Aikido aos pares, trazem um amigo ou amiga para iniciarem os treinos, essa companhia conhecida, amiga, ajuda a lidar com o ambiente estranho.

As crianças com sete ou mais anos de idade, geralmente têm uma excelente reação, gostam de imediato dos exercícios (Técnicas de Aikido) e muitas das vezes querem entrar no tapete no momento em que visitam o Dojo, mesmo que os não convidem a experimentar.

Há casos de crianças que não se sentem bem com os exercícios, sentem medo, insegurança, falta de confiança, alguns chegam ao ponto de chorar ou ficam sentadas num canto.

Quando uma criança reage negativamente ao contacto com os exercícios de autodefesa e quer sair do tapeta, os pais não devem forçar a criança a permanecer no treino. Deixam-na sair e conversam com calma sobre os beneficios de estar treinando indicando que são todos amigos.

A criança precisa de tempo e de diálogo com os adultos, compete aos pais mostrar as vantagens de aprender a defender-se e levar a criança várias vezes ao Dojo, prometendo que só vão lá para ver, etc., . Este método leva a criança adaptar-se ao ambiente, ao lugar, onde pessoas vestem roupas “estranhas” e fazem coisas muito diferentes das que até à data tinha visto.

Pela minha experiência, a criança que reage negativamente aos exercícios, precisa mais que qualquer outra, desses mesmos exercícios de autodefesa, entre outros tipos de apoios.

Onde encontrar um Dojo (Escola de Aikido)?

Em Portugal quase todas as cidades e pequenas Vilas têm Escolas de Aikido, tais como Ginásios, Coletividades e até mesmo espaços privados que abriram uma sala para ensinar Aikido e outras Artes Marciais.

Aqui em Setúbal em todos os Bairros há um lugar onde se pode aprender Aikido e quase todos os Colégios, ATL ou Externatos têm Aikido para os seus alunos.

A A.D.A.S. tem neste mesmo website um mapa em “Informação/Dojo”, onde poderá tomar conhecimento dos diversos lugares em que se pratica Aikido.

Se mora noutro lugar, poderá fazer uma busca na internet sobre Aikido e assim tomar conhecimento dos lugares onde se pode praticar Aikido.

Se introduzir as palavras “Aikidoadas.com” em qualquer motor de busca da Internet, poderá comprovar a existência desta Associação.

Se pretender mais informações envie um e-mail para a nossa Associação, teremos todo o prazer em ser-lhe útil.

Porquê o Aikido?

O Aikido tem vindo a provar ao longo dos anos o quanto é útil, não só para as crianças como para todas as pessoas de qualquer idade.

Nas crianças o Aikido desenvolve várias características positivas do Ser humano, não se conhece até à data, que tenha contribuído negativamente para a formação de qualquer ser humano.

A criança geralmente tem a sua atenção focada para o seu exterior por natureza e para aumentar essa tendência a nossa sociedade está recheada de várias atrações e tentações. O resultado de todo este mundo excitante e estimulante é uma grande falta de concentração a qual se manifesta essencialmente nos estudos na frente dos professores.

O Aikido em todas as aulas tem por sistema solicitar a concentração ensinando a técnica necessária para a aprendizagem e desenvolvimento da concentração.

Nota-se uma grande diferença na criança que pratica Aikido há alguns anos, daquela que chegou há poucas semanas ao Dojo, normalmente não param de brincar com os colegas do lado e estão sempre a falar. O Mestre tem que intervir junto dessa(s) criança(s) muitas vezes durante a aula, perdendo muito tempo de uma forma desnecessária, entretanto as outras crianças também vão recusando partilhar esse tipo de comportamento com esse recém-chegado praticante, recusando às vezes estar sentado ao seu lado ou até mesmo praticar técnicas.

O recém-chegado sente-se obrigado a pouco e pouco, a proceder de modo igual aos restantes companheiros de treino do Aikido.

O Aikido ensina a criança a defender-se, normalmente ninguém sabe defender-se e a criança tal com o adulto só sabe bater, bater nos outros não é um processo de defesa. Imagine que em resposta a um pontapé você aplica outro pontapé no adversário e assim sucessivamente, então no final da luta só precisa de contar o número de vezes que foi atingida e o número de vezes que atingiu o adversário para saber quem ganhou? Mais importante que bater é nunca ser atingido.

O Aikido através das suas técnicas ensina a criança a usar a esquiva e a força do adversário em seu proveito, as técnicas de defesa são dirigidas às articulações e resumem-se a imobilizações ou atirar ao chão, empurrar ou puxar pela roupa.

Socos, pontapés, bofetadas, agarrar, empurrar, entre outros, são os ataques usados para desenvolver as técnicas de autodefesa, mas sempre sem fazer contato nas técnicas de agressão.

O processo de ensino contempla toda uma psicologia de comportamento face a um ataque físico ou verbal, com demonstrações por parte do Professor (Sensei) de como proceder.

Seguro e confiante, quem não deseja sentir-se assim? A criança tem mais problemas de equilíbrio psicológico que o adulto, é um Ser em formação e necessita do apoio dos adultos para se formar psicologicamente.

Um dos problemas da formação é o conflito social, quando tem que discutir ou enfrentar os outros, levando vantagem a criança que tem a personalidade mais forte ou melhor formada. A criança que perde no confronto ganha insegurança e torna-se pouco confiante das suas capacidades, o medo ou receio passa a estar mais vezes presente quando tiver um novo confronto com outra criança.

Os confrontos sociais entre as crianças começam geralmente de forma verbal e passam a manifestações físicas agressivas como meio de garantir os resultados a seu favor.

A criança que sabe como defender-se em caso de ser atacada, mantêm a sua personalidade sem oscilações e mesmo que perca em argumentos não se deixa intimidar por gestos agressivos mantendo-se seguro, confiante das suas capacidades. O físico ou a força dos outros não é mais um problema, porque agora sente que sabe como defender-se.

Muito mais haveria aqui para dizer, porque são tantos os benefícios que certamente não haveria espaço nesta página do Web site para referenciar todos eles.

Quem ensina Aikido às crianças?

As pessoas que ensinam o Aikido devem ser dotadas de alguma experiência ou formação na área educativa, a idade do Sensei/Professor é um fator preponderante na ação educativa, entre outros aspetos porque o sensei mais velho geralmente tem mais paciência compreensão e e tolerância.

Ser pai ou mãe não é sinónimo de ser um Educador, nem um Educador consegue substituir os Encarregados de Educação na ação educativa do(s) seu(s) filho(s), mas o Mestre é diferente do tradicional professor. O Mestre não se limita a ensinar matéria técnica da Arte Marcial, o Mestre também se preocupa em motivar o seu aluno a vencer os obstáculos os seus medos e insegurança, transmite suas experiências e principios para uma formação mais bem formada possivel da pessoa em causa. O Mestre luta para trazer seu aluno para o seu nível de conhecimentos e de saberes técnicos e psicológicos.

Quem ensina o Aikido tem que demonstrar conhecimentos e ser paciente e tolerante como uma avó ou avô, tem que ser capaz de demonstrar quem manda quem é o líder, tal como um Pai o faz com um abraço ou com um “berro” nos ouvidos, se for necessário para restabelecer a ordem.

Quem ensina o Aikido tem que provar que é amigo da criança, que tem tempo para lhe perguntar pela razão porque está triste ou desalentado, tem que ter uns minutos para ouvir seus queixumes e dar-lhe algum conforto e bons conselhos sobre a vida.

Quem ensina o Aikido Professor/Sensei, é ativo no seu modo de ensinar, mas passivo quanto ao estimular a atacar o adversário. Quem ataca perde a razão.

No Aikido não há motivos para estimular a vontade de atacar como nos desportos de combate em geral o fazem, nos desportos de combate quem não ataca é penalizado com desclassificação ou derrota porque o objetivo é ganhar. O Prof./Sensei do Aikido ensina como defender-se e contra atacar e em especial quem ensina o Aikido ensina como viver em paz, sem conflitos nem lutas desnecessárias. Vencer o adversário é dissuadi-lo do seu impeto atacante.

Na Associação Desp. Aikido Setúbal, os Sensei são ensinados pela via da formação prática e com a ajuda do Estado, participam em cursos de formação pedagógica de treinadores.

Ensinar seja o que for, exige muita experiência e não há poção mágica que transforme o ato de ensinar num ato simples e sem problemas, porque cada pessoa é um mundo e como tal tem meios de aprender muito próprios.

As teorias de ensino, as teorias pedagógicas são excelentes, mas não são milagrosas nem se podem pôr em prática só porque se leu num livro ou alguém nos ensinou, é preciso saber aplicá-las a cada caso e em cada momento certo. É preciso saber sentir as técnicas de ensino, como sendo realmente as suas técnicas.

Quem ensina o Aikido precisa de muitos anos a desenvolver as suas capacidades de ensino e as suas capacidades de comunicação com outros Seres humanos. Sejam crianças, adolescentes ou adultos, todos eles precisam de alguém que ao ensinar seja tolerante paciente compreensivo e essencialmente que goste de ensinar, que sinta prazer em comunicar com diversas pessoas de diferentes meios sociais, com diferentes métodos de educação familiar, que não transforme o ato de ensinar num negócio cujo objetivo básico seja unicamente ganhar dinheiro e veja como alvo prioritário o fim do mês.

O alvo de qualquer professor deverá ser sempre visualizar a evolução do seu aluno e no Aikido o professor não se limita ao ensino de uma especial matéria, tem também como base contribuir para a evolução total de qualquer dos seus alunos.