Aikido Feminino

Índice

Mulheres no Aikido

Porquê Aprender a Arte Marcial Aikido?

Porquê Aprender a Controlar-se?

Porquê Defesa-Pessoal?

Porque num conflito físico a sua sobrevivência depende do seu conhecimento destas áreas.

Grande parte dos conflitos começam por excessos na linguagem que conduzem à violência física, mas nos casos de assédio sexual a violência física é iniciada mesmo antes do contato sexual e do diálogo.

 – Quando se argumenta em excesso é porque se quer “ganhar” no conflito de ideias. Vencer ou ser vencido numa discussão é um conflito interior que arruína a paz e o bem estar de qualquer pessoa e de quem está ao seu redor. Aikido cultiva através do treino em cada praticante uma paz interior que aumenta consideravelmente o controlo sobre as palavras e as ações.

 – Numa ação de assédio sexual não há geralmente oportunidade de utilizar as palavras o diálogo e nessa situação a mulher só dependerá dela própria e dos seus conhecimentos duma Arte Marcial.

Em Portugal ouve-se muitas noticias de violência doméstica de violência no namoro e de mortes dessa violência, mas de violações de senhoras ou meninas não se ouvem noticias nas TVs. Será que não há violações em Portugal?

Há violações de certeza porque este país tem pessoas dessas como qualquer outro país, mas não se ouve essas noticias nos canais das TVs porque as violadas nunca vão ao hospital se tratar nem denunciam os violadores. Se forem ao hospital vem às noticias nas TVs com reporteres na rua a fazerem-lhes perguntas e todos sabem que foram violadas e o que lhe fizeram ao corpo, se forem denunciar à Policia ficam sem querer sair de casa com medo que o agressor sexual cumpra a ameaça de a matar se o denunciar.

Os casos que se vem a conhecer são incompletos de informação sobre o agressor sexual porque as denuncias são geralmente feitas de modo anónimo, mas se foram só tentativas de violação geralmente fornecem todos os detalhes do agressor sexual.

Quem não se lembra do violador de Telheiras preso em 2010 e com historial de violações desde 2008 que apesar de ter o rosto descoberto ninguém o identificava, diziam que não se lembravam de nada do rosto. Foram ameaçadas de morte!

Aikido é uma Arte Marcial pacífica com muitas expressões filosóficas sobre a paz.

Ósensei Ueshiba que criou o Aikido, dizia que vencer sem lutar é a forma de obter a vitória absoluta. Numa luta de rua vencer um adversário num conflito físico pode resultar numa situação de ação policial e judicial, mas se a pessoa for vitima de agressão grave pode acordar muito maltratado num Hospital e até nem acordar porque morreu. O que será melhor?

A compreensão é um estado de espírito criada por uma condição mental que permite a análise do conflito sem tomar parte no conflito seja físico ou verbal. Não há conflito em absoluto no Aikido ninguém perde ninguém ganha.

“Dissuadir o adversário do seu ímpeto atacante conduz-nos à verdadeira vitória numa luta.”

Ōsensei Morihei Ueshiba

“Se o coração está impuro, estará cheio de tensão interior, de orgulho, de desordem, de confusão, de mil enfermidades físicas, mentais e emocionais. Jamais poderá compreender o Aiki(armonia da energia) se teu coração não se purifica. Deves fazer tudo o que puderes para limpá-lo desses conflitos para ter paz contigo próprio e com o mundo, não sendo inimigo de nada e não vendo nada como seu inimigo.”

Ōsensei Morihei Ueshiba

Sente-se tenso, revoltado, desconfiado, sem dormir, saturado? Neste estado, nunca terá compreensão e sem compreensão será tendencioso na sua análise. Quando se iniciar um conflito notará a sua falta de autocontrole.

A Harmonia “Ai” da Arte Aikido é uma realidade. Ao fim de vários meses de treino todos os praticantes começam a experimentar um desejo interior de viver sem conflito e é muito comum verificarmos que as pessoas que chegam ao Aikido falando muito rapidamente transmitindo a ideia que disparam palavras começam a falar calmamente de modo suave em paz.

O Aikido é uma das poucas Artes Marciais, onde a igualdade entre homens e mulheres existe realmente na prática da arte, não há escalões físicos todos praticam com todos.

As características do Aikido e as suas técnicas não exigem força, exigem sim que se esteja descontraído e sensível aos movimentos, solicita subtileza e análise calma e consciente das ações a tomar. Todas estas características humanas, entre outras, são características naturais na mulher, por isso o Aikido é indicado para a mulher, sem qualquer restrição de idade, peso, altura ou qualquer outra.

O Aikido dá-lhe segurança, capacidade de defesa, controlo e determinação sem “masculinizar” a mulher, muito pelo contrário confere-lhe equilíbrio e elegância, desenvolve a correta postura física, aumenta a coordenação psicomotora.

As técnicas, movimentos e exercícios respiratórios modelam o corpo e auxiliam na regulação de vários sistemas do corpo humano, tais como; cardiovascular, respiratório, ósseo, etc., auxilia também na diminuição do stress e da ansiedade, através dos diversos momentos do treino dedicados à concentração e à meditação.

Entrevista: Maria Luiza, 4ºDan

Por: Flavia Queiroz

Para Maria Luiza o Aikido mudou a sua vida. Hoje ela concilia sua antiga profissão – Professora de Artes Plásticas – com aulas de Aikido e a Direção da Associação.
Conheça-a melhor e o que é o Aikido, lendo a entrevista abaixo.


WM: Qual é a sua formação profissional?

M. Luiza: A minha formação inicial é em Artes Plásticas, me formei pela FAAP. No Aikido a minha formação foi com o Mestre Keisen Ono.

WM: Qual é a sua atividade profissional?

M. Luiza: A minha atividade profissional actual é dividida entre as aulas de Aikido em escolas e na Associação de Aikido da qual eu sou Presidente e as aulas de Arte no Ensino Médio do Colégio Sion.

WM: Como foi que a Sra. se interessou pelo Aikido e há quanto tempo a Sra. o pratica?

M. Luiza: Eu pratico Aikido há 25 anos. Quando iniciei os meus treinos estava procurando alguma atividade que equilibrasse o meu corpo e o meu lado psicológico e que eu pudesse praticar o resto da minha vida… e encontrei o Aikido.

WM: O que é exatamente o Aikido e sua principal diferença entre outras artes marciais como judô, karatê, tai chi chuan?

M. Luiza: O Aikido é uma Arte marcial de defesa pessoal que difere das demais por não haver competição nem espírito de combate. Outra diferença do Aikido é que não é violento nem agressivo, não trabalhamos com força muscular e sim com a nossa energia interna que chamamos de KI. “Ai” quer dizer Harmonia, “Ki” quer dizer energia vital e “Do” caminho espiritual ou via filosófica.

WM: Qual é a sua graduação no Aikido e qual é graduação máxima possível?

M. Luiza: A minha graduação é cinto preto 4º grau e a graduação máxima é 8º grau.

WM: Para alguém que se dedica a esta luta quantos anos leva para atingir a sua graduação? Do que depende? Qualquer pessoa pode alcançá-la?

M. Luiza: Primeiro é necessário dizer que Aikido não é uma luta e sim uma Arte Marcial como acabámos de dizer. Qualquer pessoa pode alcançar esta graduação, agora o tempo necessário!? depende muito de cada pessoa. Habilidade, dedicação e persistência são fatores que irão influenciar muito.

WM: Qualquer pessoa pode praticar o Aikido, há alguma restrição?

M. Luiza: Não há nenhuma restrição para a prática do Aikido hoje eu trabalho com crianças a partir de 3 anos e até senhores de 60 anos. O meu mestre tem 79 anos e ainda pratica.

WM: A defesa pessoal é melhorada?

M. Luiza: O que é defesa pessoal atualmente? Lutar com um assaltante armado de uma pistola? Impossível, não é? Mas posso afirmar que a defesa pessoal do praticante é melhorada, pois sentimo-nos mais seguros e tranquilos para vencer os desafios da nossa vida. A tranquilidade, serenidade, os reflexos, a habilidade corporal e a saúde em geral é melhorada.

WM: Qual é o seu trabalho hoje?

M. Luiza: O meu trabalho é dar aulas de Aikido e de Arte e dirigir o meu Grupo de Aikido.

WM: A Sra. consegue viver do seu trabalho?

M. Luiza: Sim, consigo viver do meu trabalho.

WM: Há preconceito em mulheres participarem do Aikido? A Sra. já sofreu algum preconceito por ser mulher?

M. Luiza: Não felizmente a comunidade do Aikido é bastante aberta neste sentido e eu soube abrir o meu caminho neste universo tão masculino, sem, contudo, perder a minha feminilidade.

WM: O que a Sra. faz em seus momentos de lazer?

M. Luiza: Namoro, vou ao cinema, leio e quando dá viajo ou vou para a praia.

WM: A Sra. é casada, têm filhos?

M. Luiza: Sou separada e tenho uma linda filha.

WM: A Sra. gostaria de dar uma mensagem final para nossas leitoras?

M. Luiza: Vejo que muitas mulheres por questão estética perdem muitas horas em academias e em atividades repetidas e sem sentido.
Gostaria de dizer a elas que procurem como eu procurei, uma atividade que não seja somente física, uma atividade que lhes dei-a prazer e faça sentido na sua vida, que estimule a sua inteligência e que seja sempre inovadora.

Um Grande Abraço.

Entrevista: Penny Bernath, 5º Dan

Por: Malory Graham, 3rd Dan

Nota do Editor: Penny Bernath é uma instrutora na Aikikai da Florida. Ela é conhecida por toda a USA pela sua forte técnica, cativante personalidade e o seu nível de organização. Com o seu marido, Peter Bernath, são os organizadores do Seminário Anual de Inverno em Ft. Lauderdale, Florida.

Esta entrevista foi editada pela Aikido online. Photos cortesia da Florida Aikikai.


Como começou, quando e onde iniciou a prática do Aikido?

Comecei o Aikido em 1973. Tinha nessa altura 20 anos. Eu queria se capaz de proteger a mim própria, então eu estava interessada em começar em uma Arte Marcial. Visitei uns quantos Dojos de Karate, mas não era exactamente o que eu procurava. Queria ser capaz de proteger-me a mim própria mas sem ter que ter um contacto físico directo, sem ter uma confrontação física directa. Um dia vi uma demonstração de Aikido no Parque, era enérgica e intrigante parecia como uma dança poderosa. Decidi-me, dizendo para mim própria. – Vou experimentar pelo menos um mês.

Mas o Aikido era muito mais complicado do que eu estava à espera, continuei por mais um mês, fui continuando um mês de cada vez.

Quem foi o seu primeiro Instrutor?

Steve House foi o meu primeiro Sensei. Ele era um Professor muito sério, eu adorei e respeitei-o sempre.

Estávamos sobre a orientação do Yamada Sensei, que vinha periodicamente e a quem éramos leais. Em 1980 Steve obteve um trabalho como Policia no Novo México e teve que deixar o Dojo. (Alguns anos mais tarde Steve morreu a cumprir o seu dever.) Yamada Sensei queria ter um Dojo aqui na Florida então ele perguntou-me se queria manter a Escola de Aikido, que ele iria enviar um Instrutor. Eu concordei e o Sensei enviou o Peter que é agora o meu marido.

Foi difícil ter um novo instrutor no Dojo?

Foi uma situação difícil para o Peter e para os alunos do Steve. Os praticantes que existam eram leais ao Steve, usavam o seu estilo e as suas maneiras. Peter não era um Professor com experiência, embora tivesse um enorme talento. Os alunos na sua maioria saíram. Foi muito complicado manter a escola e começar tudo de novo.

Eu lembro-me de Kanai Sensei perguntar-nos uma vez. – Quantos cintos pretos têm no Dojo? Nós olhamos um para o outro e respondemos. – Nôs os dois.

As coisas não estavam nada boas, mas desde então Florida Aikikai tem vindo a crescer e já tem para mais de 100 praticantes, com cintos preto de todos os níveis.

O que é ser mulher instrutor? As mulheres têm especiais desafios?

Penso que na primeira vez que considerei o meu género feminino, foi depois do exame para cinto negro em que comecei a ensinar o Aikido a 2 classes por semana. Especialmente na minha primeira classe que ensinei, lembro-me muito bem eram só homens na classe, ao meu redor.

Estive todo o tempo dizendo para mim própria. -Estou com controlo, eu sei o que estou fazendo, mantém-te forte.

Mas dentro de mim havia uma mulher dizendo. – Isto é uma Arte Marcial e tu és uma mulher rodeada por homens.

Tenho que confessar, eu não penso que Aikido seja para Homens ou seja para mulheres, não é isso que está em causa. Penso que se estiver no lugar certo no momento certo irá criar um poderoso movimento que irá misturar a sua energia com a do seu parceiro de treino.

Não interessa se você é uma mulher ou um homem.

Como mantêm a sua vida equilibrada apesar de tanta actividade?

Tenho dois filhos, uma rapariga de 13 anos e um rapaz de 17 anos. Estou a trabalhar no mestrado de educação e sou 5ºDan cinto preto de Aikido.

Então, eu sou uma mulher muito ocupada, raramente paro em casa e quando estou em casa é para fazer trabalho de casa, lavar a roupa etc..

Às vezes é muito duro, e o Aikido é o meu grande escape, vou treinar e tudo vai bem a seguir.

Já usou o Aikido para se defender na rua?

Sim, a alguns anos quando eu fui sozinha aos Correios, era jovem e inocente, assim que cheguei notei que havia ali uns jovens um pouco suspeitos, não liguei importância e continuei.

Quando sai do edifício um dos tipos agarrou-me pela frente e tentou atirar-me ao chão, enquanto puxava o meu colar que trazia ao pescoço.

Eu rodei sobre os meus pés instintivamente e o sujeito perdeu o equilíbrio, de repente um outro agarrou-me por trás pelo pescoço, de novo rodei sobre os meus pés (Como tantas vezes faço no Aikido.) o sujeito perdeu o equilíbrio e caiu no chão. Os dois olharam para mim surpreendidos e começaram a correr.

Pensei acerca deste acontecimento e compreendi que tinha sido o Aikido, eu apenas tinha misturado os movimentos do Aikido com o do atacante.

O confronto foi resolvido sem confrontos físicos sem agressões.

Se pensar em agir defendendo-se agredindo o adversário e se não tiver capacidade para o atacante será como enfurecer um urso.

O movimento, a dinâmica é a essência da Defesa-pessoal, a agressão como resposta aos confrontos físicos só irá trazer violência e mais agressão.

Entrevista: Barbara Britton, 6ºDan

Por: Malory Graham, 3ªDan

Nota do editor: Barbara Britton é um Shidoin de USAF e instrutor no New England Aikikai e Aikikai Framingham. Ela é bem conhecida como uma das estudantes sénior da Nitta Sensei, pela sua personalidade calorosa e magnética e pelas suas habilidades técnicas. Ela, juntamente com seu marido, David Halprin, 6º Dan, ensinam no Dojo Framingham, bem como na New England Aikikai.

Esta entrevista levada a cabo em Framingham, Massachusetts, foi extraída do novo vídeo sobre a Superior Classificação dos Direitos das Mulheres Instrutores da Federação Aikido dos EUA, intitulado “Holding up Half the Sky”. Na foto pode-se ver a graduação que tinha na altura da entrevista.

O vídeo inclui entrevistas e manifestações de dez instrutores mulheres, da USAF e agora está disponível no catálogo de soluções online do Aikido. Para obter mais informações contacte por favor Malory Graham, instrutor em Aikikai Puget Sound em Seattle, WA

em: MaloryGraham@hotmail.com.

Esta entrevista foi editada para a Aikido Online. Fotos, cortesia Framingham Aikikai e Dan Gauger.


P: Quando foi a primeira vez que ouviu falar em Aikido?

Na escola de pós-graduação, li o livro de George Leonard “Educação e Ecstasy” e ele falava sobre Aikido. Pareceu-me muito intrigante. Numa fase seguinte, movi-me para Boston e procurei na Lista Telefónica e entrei para o Dojo da Kanai Sensei. Senti que foi a maior sorte que aconteceu na minha vida.

P: Quando começou formalmente a praticar Aikido?

Comecei a praticar em 1978. Quando na primeira vez que fui para o Dojo, eu realmente não sabia que poderia ser por tão longo tempo, mas Adorei. Adorei a forma da Arte. Mas, foi uma luta para mim quando comecei. Foi muito difícil. Tive problemas em aprender a rolar o meu corpo no tapete, que mão agarrava que mão, que pé colocar na frente. Um dos meus professores costumava dizer-me, “coloca seu outro pé esquerdo na frente”. E por isso, era muito difícil no início, mas penso que fazia parte da minha luta interna, lutar para aprender e evoluir.

P: Quais foram os seus Professores e que influência tiveram em si?

Sinto que tive muita sorte de ter tido Kanai Sensei como Professor. Foi bom tê-lo como Sensei. O andar com ele foi muito calmo, parecia um tipo melancólico. Assim, levou-me alguns anos a perceber que ele era uma alma gentil. Ele era muito gentil e quando sobre o Tatami eu era tratada como um igual.

Penso que, como mulher, o treino era tão difícil para mim como para os homens.

Quando fiz “ukemi” (Queda no Aikido depois de ser projectada.) pela acção do Sensei Kanai, senti que aprendia a técnica muito melhor do que quando estava a observar, porque podia sentir exactamente o que ele estava a fazer ao meu corpo durante a execução da técnica.

P: Como foi os primeiros anos a treinar em New England Aikikai?

Quando comecei, a New England Aikikai situava-se na praça central de Cambridge e havia bastantes estudantes talvez 100 a 120 mais ou menos. Nos 25 anos que andei lá sempre houve sempre uma boa quantidade de mulheres. Depois aconteceu termos perdido o espaço em “Central Square” e tivemos que nos mudar para “Porter Square”, do outro lado da Cambridge. O novo edifício ainda estava em construção e tivemos que treinar na Cave com umas condições muito más, rodeados de lixo da obra e de buracos à volta do Tapete. Na noite em que pudemos ocupar o 2º Andar no qual fizemos parte da construção e onde definitivamente se iria colocar o Dojo, foi uma noite mágica.

P: Quando começou a ensinar pela primeira vez e como foi a experiência?

Eu obtive o meu cinto negro no verão de 1984 na USAF, East Coast Summer Camp, e comecei a ensinar muito pouco tempo depois, provavelmente num espaço de seis meses a um ano. Eu tinha que ensinar na Classe que treina de manhã e muitas vezes eu era única mulher presente naquela Classe. Mesmo com um grande numero de mulheres que tínhamos no Dojo, mas aquelas horas não havia nenhuma a treinar e a maior parte das vezes eram sete os praticantes e todos homens.

Todos me respeitavam. nunca tive a experiência de ninguém a desafiar-me, penso que o conflito era mais comigo própria, penso que era mais a minha mente a pregar-me truques levando-me dizer coisas como, “O que é que este tipos pensarão de mim”.

Eu realmente não gosto de ensinar, não gosto de ter as luzes da ribalta sobre mim, nem gosto de ter as pessoas a olharem para mim. Penso no entanto que foi bom para mim, penso que aprendi bastante. Podemos ver o pouco que sabemos quando estamos a ensinar e na próxima vez que vemos uma Técnica demonstrada por alguém, olhamos com mais cuidado podendo vir a compreender a Técnica de uma forma diferente.

P: Como tem sido praticar e ensinar ao longo do tempo?

Quando comecei a treinar fazia-o a tempo inteiro todas as noites no Dojo, o que era maravilhoso. Depois casei e tive filhos e então tornou-se muito difícil para mim treinar como o fazia antes. Portanto, agora só treino três vezes por semana e penso que é perfeito para mim.

Meu marido abriu um Dojo Framingham Aikikai, no qual eu desfruto do prazer de ensinar uma classe de principiantes. Sinto-me muito confortável a ensinar os praticantes principiantes.

P: Tem usado o Aikido na sua vida diária ou na rua?

Sim já usei duas vezes o Aikido na vida real.

A primeira vez foi logo no principio quando na minha carreira como Terapeuta. Num programa para jovens, assisti a uma luta de uma secretária com um rapaz e achei que tinha que intervir ajudando a senhora, o que acabei por o fazer usando uma técnica de “Sankyu” do Aikido.

A segunda vez foi mais recentemente quando um cliente atrasado mental e esquizofrénico tentou agarrar-me violentamente magoando-me. De imediato peguei-o num movimento rápido pus ele da porta para fora.

Fiquei um bocadinho assustada depois, porque pensei que o podia ter magoado, foi tudo muito rápido, nem precisei de pensar.

P: O que a mantém praticando Aikido, durante todos estes anos?

Ainda estou interessada em ir todas as noites praticar Aikido, por causa do desafio físico que o Aikido representa. Especialmente gosto de trabalhar no duro, suar bastante, chegar ao fim do treino completamente exausta. Assim posso sentir que foi um bom dia, um grande dia.

Tenho pessoas excelentes trabalhando nesses objetivos comigo, homens e mulheres, puxamos uns pelos outros para treinar o máximo.

Kanai Sensei faleceu em 2004


Barbara Britton, 6th dan, is a certified Shidoin (Instructor) of the United States Aikido Federation.

Traduzido por: Orlando Marques 27/12/2008